Eu desisti de desistir.
Como eu quase larguei a ciência política. Não, isso não é um texto motivacional.
Eu meio que cansei de ser cientista política e decidi desistir em 2024.
Completei uma década trabalhando com relações governamentais e entrei na famigerada crise profissional que todos falavam que aconteceria na casa dos trinta e poucos.
Considerei seriamente a possibilidade de mudar de profissão.
Foram várias sessões de terapia sobre o mesmo assunto, várias conversas com pessoas que trabalham com outras coisas e - acreditem ou não - eu considerei várias novas possibilidades, inclusive a de virar mestre de obras. Esse surto se deu após eu administrar com relativo sucesso uma obra de 30 dias. Graças a Deus, o surto passou rápido.
Fiz alguns cursos e virei até ghostwriter do CEO de uma empresa de tecnologia. Mas, no fim - spoiler alert - decidi que não vou mudar de profissão. Não só pela preguiça de começar tudo do zero de novo, mas por um pequeno detalhe sobre a minha profissão: eu amo essa merda.
Estava participando de uma entrevista há alguns meses. No fim das contas, a vaga não fazia sentido, mas a recrutadora foi muito gentil ao me mandar um áudio me agradecendo pelo meu tempo e, ao final, soltou a seguinte frase:
“Dá pra perceber que você tem uma relação muito intensa com a política. Você respira isso, faz parte de quem você é”.
E ela tá certa. Faz parte de quem eu sou. Todos os cursos que eu fiz ao longo do ano, eu fiz pensando em como aplicar isso à minha atual atividade e ser uma relgov melhor. Nunca esteve em questão o como eu iria aplicar o conhecimento em uma NOVA atividade.
Depois de muito bater cabeça, a minha conclusão foi:
1) Eu estou em um relacionamento abusivo com a minha profissão.
2) Apesar do cansaço e da abusividade generalizada que só o trabalho com política brasileira pode proporcionar, eu consigo suportar a parte negativa, porque, de uma forma totalmente torta, trabalhar com política me preenche.
Naturalmente, parte do processo de me “livrar” dessa obsessão que eu tenho pelo meu objeto de trabalho é focar minha energia em outras coisas que eu amo fazer. E é assim que nasce essa newsletter.
O “outras coisas com P” é meu exercício terapêutico de falar sobre outras coisas, além de política. É a forma de me lembrar de que existem outras coisas que “fazem parte de mim”, para além do meu trabalho.
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Obviamente, você pode ficar à vontade para não se inscrever. Mas se você quiser se juntar ao time dos divagadores sobre coisas aleatórias - incluindo, mas não se limitando, a política -, seja bem-vindo. Espero que gostem.
Feliz ano novo.
Ela voltou ❤️😘
Fiquei muito feliz em receber a newsletter, e mais feliz por você continuar em seu caminho. Muito sucesso nos próximos anos!